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Um Anjo Mochileiro?

“Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” Salmo 91:11.

O telefone tocou e eu acordei assustada. “Onde estou?…” Aos poucos comecei a me lembrar. Estava em um pequeno quarto de hotel no sul na Áustria. Havia participado de uma turnê com um grupo musical da faculdade. Meus colegas haviam saído de madrugada para o aeroporto e eu deveria tomar o trem para o sul da França onde faria um curso de verão na faculdade adventista. Apesar de estar empolgada com a oportunidade, naquele momento me senti muito só e com muito medo. Estava a milhares de quilômetros de casa em um país estrangeiro sem saber falar o idioma local. Fiz uma oração a Deus e pedi Sua companhia durante o dia e durante a viagem que estaria fazendo.

Eram cinco horas da manhã, a mesa de recepção havia me chamado, pois o taxi que me levaria à estação de trem em breve chegaria. Arrumei minhas coisas e desci. Logo o taxi chegou. O motorista não falava inglês, que era o idioma que eu usava para me comunicar. Mostrei-lhe minha passagem de trem e ele começou a dirigir. Durante o caminho mil pensamentos passavam pela minha cabeça, “E se ele me levar para outro lugar? E se tentar me assaltar?” Logo Deus me acalmava e me lembrava que eu havia pedido sua companhia. Na época confesso que não percebia claramente Sua voz, era mais um sentimento de calma que vinha ao meu coração.

                Ao chegar à estação, logo vi os guichês de atendimento abertos, mas como ainda tinha cerca de uma hora e meia até o trem partir resolvi dar uma volta e conhecer o local. A estação era muito grande, havia várias plataformas e muitos trens parados. Caminhei de um lado para outro e quando faltava cerca de meia hora voltei ao guichê para saber em qual plataforma meu trem estava. Todos os guichês estavam fechados. “Que estranho.” Pensei. “Bem agora que os trens vão começar partir o guichê está fechado.” Eram 6:30 da manhã, esperei e os guichês não abriram. Andei mais um pouco, não havia muitas pessoas na estação e não encontrei alguém de uniforme para pedir informação. Olhei para o relógio, 6:45. Comecei a entrar em desespero, e orei, “Senhor, por favor, me ajude. Se eu não entrar no trem certo vai ser uma confusão total”.

                Olhei o painel na frente dos trens, havia nomes de cidades escritos, mas nenhuma era o nome da cidade para onde deveria ir. Agora estava realmente desesperada. Voltei aos guichês, ainda estavam fechados. Eu era um tanto tímida, mas tentei pedir ajuda e ninguém sabia me ajudar. Eu não entendia nada de alemão e nem conseguia entender olhando a passagem em que plataforma deveria me dirigir.

                Foi aí que uma mochileira se aproximou de mim. Uma jovem com roupas surradas, pele queimada de sol, olhos claros, cabelos cacheados e uma enorme mochila nas costas com tudo que se pode imaginar pendurado por fora. Era bem típica dos mochileiros que já tinha visto durante a viagem. Ela sorriu e começou a conversar em alemão. Disse-lhe que não falava alemão e perguntei se falava inglês, ela disse que não. Mostrei minha passagem e lhe disse que precisava encontrar o trem. Ela percebeu meu desespero, pois saiu rapidamente olhou os trens e acenou para mim. Andamos até o meio da longa plataforma, ela abriu uma das portas do trem e chamou um comissário que olhou minha passagem e pediu minhas malas. O trem já estava ligado, eu sabia que estava atrasada e pela expressão dos dois o trem já estava para partir. Dei ao comissário minhas duas malas, e me virei para agradecer a mochileira…

Não tinha ninguém ao meu lado!… Isso mesmo, ninguém! Olhei para os dois lados da plataforma. Ela era longa, era impossível que ela tivesse corrido e saído de vista. O comissário me chamou para dentro e antes que chegasse ao meu lugar o trem começou a andar. Sentei-me rapidamente perto da janela e fiquei olhando para fora procurando minha auxiliadora. Olhei para todos os lados enquanto o trem saia, mas não a vi em parte alguma. Mil e uma coisas passaram pela minha mente, “será que ela entrou em outro trem?” Mas o trem ao lado estava desligado e ninguém parecia estar nele. “Será que ela está neste trem?” Quando tive oportunidade andei pelos vagões, mas não a encontrei. Passei as primeiras horas da viagem impressionadíssima com o que ocorrera.

                Bom, o tempo passou, e aquele fato continuou bem vivo em minha mente. Todas as vezes que me lembro daquela moça sempre vem uma pergunta à minha mente, “Será que era um anjo?”. Sinceramente, eu não sei se era um anjo, mas sei de uma coisa, foi uma providência de Deus. Eu pedira Sua companhia e Ele estava comigo.

                Já me perguntei muitas vezes, “Por que Deus me permitiu passar por aquela experiência?” Na época em que isto ocorreu, eu me considerava uma jovem cristã, era muito ativa na igreja, mas não tinha um relacionamento pessoal com Deus. Deus normalmente fazia parte da minha vida em momentos como aquele, de desespero. Quando não sabia mais o que fazer, me lembrava dEle.

                Durante as semanas que passei na França fui muitas vezes tentada a me desviar dos caminhos de Deus. Enfrentei praticamente todos os tipos de tentações comuns a uma jovem. Mas aquela experiência na estação de trem me deu um senso maior da presença de Deus ao meu lado. Senti que era especial para Ele. Senti que se preocupava comigo e me amava muito e não tive coragem de magoá-Lo fazendo coisas que sabia serem contrárias à Sua vontade. Com certeza Deus sabia que eu passaria por tentações e usou aquele incidente para fortalecer minha fé.

                Deus nos ama! Ele demonstra o Seu amor por nós nos dando vida, saúde e tudo que precisamos. Ele demonstra o Seu amor por nós nos oferecendo salvação em Jesus Cristo. Ele demonstra o Seu amor por nós enviando o Espírito Santo para que nos ensine e oriente em todo momento (se assim o permitirmos) e como se não bastasse Ele demonstra o Seu amor dando um anjo exclusivo a cada um de nós. Um anjo que esteve conosco nos primeiros momentos de vida e a cada momento até aqui. E se precisarmos mais, Ele envia anjos adicionais cada vez que clamarmos.

Como diz Ellen White: “Não compreenderemos o que devemos aos cuidados e interposição dos anjos antes que se vejam as providências de Deus à luz da eternidade. Seres celestiais têm tomado parte ativa nos negócios dos homens. Eles têm aparecido em vestes que resplandeciam como o relâmpago; têm vindo como homens, no aspecto de viajantes. Têm aceito hospitalidade nos lares humanos, agido como guias de viajantes nas trevas da noite. Têm impedido aos intentos do espoliador e desviado os golpes do destruidor.” Educação, p. 304, 305.

                Eu quero um dia conhecer meu anjo. Quero que ele me conte sobre os momentos em que salvou minha vida, me ajudou a enfrentar dificuldades. Quero agradecer-lhe por ter sido meu amigo em todas as horas, mesmo quando eu ignorava sua presença. E você?

                Você tem percebido as providências especiais de Deus em sua vida? Você tem sentido a presença do seu anjo de um modo especial? Lembre-se sempre que ele está ao seu lado, cuidando de você e cumprindo as ordens do nosso bondoso Pai.

Que Deus lhe abençoe!

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