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Salve Seus Filhos


Talvez se perguntarmos para qualquer pai ou mãe cristão, o que mais desejam para seus filhos a resposta será: “Que eles sejam salvos”. No entanto, a realidade da maioria hoje em qualquer denominação é que grande parte dos filhos tem se afastado de Deus. O que está errado? Será que essa é uma geração que simplesmente não foi predestinada para a salvação? Ou será que existe algo de errado conosco, e com nossos esforços para salvá-los?


Alguns anos atrás um passarinho me ensinou uma grande lição sobre isso. Como moramos no sítio, ocasionalmente aparecem ratos nos arredores. Estávamos em uma guerra contra um rato em nossa varanda. Já havíamos tentando vários tipos de ratoeira sem sucesso, então resolvemos usar aquele tipo de ratoeira com cola. Colocamos uma isca no meio da ratoeira e fomos dormir esperando pegar o rato durante a noite. Na manhã seguinte, no entanto, o que encontramos foi um passarinho colado na ratoeira. Ele não conseguia se mexer, mas em seus olhinhos percebemos o desespero.


Fiquei muito frustrada com o que tinha provocado e resolvi salvá-lo. O estrago no corpinho dele era grande, pois a cola era forte e todo seu peito e asas estavam grudados devido às suas muitas tentativas de escape.


Com muito esforço consegui separá-lo do papel e agora precisava tirar a cola do seu corpo. Comecei a cortar a penugem do peito e várias penas das suas asas que estavam muito grudadas. Depois, pensando no que fazer me lembrei que, as vezes, usávamos óleo de cozinha para tirar cola de jaca de facas e outros utensílios. Passei óleo nas asas do passarinho, mas consegui tirar bem pouco.


Resolvi então dar uma olhada no Google e descobri que outros que tinham passado pela mesma experiência tinham esfregado farinha de trigo nas asas até a cola sair. O problema é que eu já tinha colocado o óleo, então quando acrescentei a farinha o pobre passarinho ficou todo “empanado” e não deu muito certo.


Estava cada vez mais frustrada com minhas tentativas, mas finalmente consegui limpá-lo o suficiente e arrumei uma gaiola onde geralmente colocávamos pássaros feridos que apareciam no quintal. Coloquei comida, água e pensei em deixá-lo lá até que suas penas crescessem e pudesse soltá-lo.


Quando o peguei para levar à gaiola, ele escapou das minhas mãos e começou a pular no chão, corri atrás para pegá-lo, e sem pensar puxei o coitadinho pelo rabo, mas a única coisa que peguei foram as penas do rabo e o passarinho continuou pulando, agora sem o rabo. Minha frustração aumentava a cada nova tentativa de salvá-lo. Agora eu tinha um passarinho sem rabo, ainda meio lambuzado de cola, óleo e farinha.


Finalmente consegui capturá-lo e o coloquei na gaiola e imaginei que agora teria que mantê-lo ali por um bom tempo até que todas as penas do rabo crescessem novamente. Fiquei mais tranquila e fui fazer as tarefas de casa, pois já tinha perdido quase duas horas naquela brincadeira.


Algumas horas se passaram e minha filha volta e meia ia na gaiola olhar o passarinho. Numa dessas vezes ela veio correndo gritando e me chamando. Corri lá e o que vi me deixou horrorizada. O pobre do passarinho foi tentar beber água no pratinho e como estava sem o rabo perdeu o equilíbrio, caiu na água e morreu afogado.


Fiquei extremamente frustrada e chateada e até chorei por ter causado tanto sofrimento ao bichinho. Um passarinho completamente saudável morreu uma morte absurda, simplesmente por causa das minhas tentativas atrapalhadas de salvá-lo. Porque não fui direto ao método que o salvaria?


Você deve estar rindo com essa história, assim como a maioria faz quando me ouve contá-la, o entanto, ela é muito triste, pois revela que nossos melhores esforços em tentar salvar alguém, podem na verdade estar levando-os à morte.


Como pais, muitas vezes decidimos que vamos fazer o melhor para salvar nossos filhos, então os colocamos na melhor escola, frequentamos a igreja que mais oferece atividades: desbravadores, coral, orquestra, etc. Adotamos critérios na escolha dos filmes que assistem, nas músicas que ouvem e atividades que participam, baseado no que nossos amigos mais cristãos estão fazendo. Entramos em vários grupos de WhatsApp para ver como outros tem educado os filhos e até participamos de seminários sobre família, mas o tempo vai passando e vemos nossos filhos crescendo e cada vez mais se distanciando de nós e de Deus. Por quê?


Talvez existam diferentes razões para isso, mas temo que muitas vezes falhamos em buscar o “Assim diz o Senhor” e em acreditar que o Deus que criou o ser humano também nos deu o manual que nos ensina o caminho da salvação. Temos falhado em manter aquela comunhão que permitirá que o Seu Espírito nos guie de modo particular. Preferimos nos basear no que outros dizem ou tem a feito, em vez de ouvir Seus ensinamentos personalizados para nós e nossos filhos.


Como geração pós moderna sentimos que não há necessidade de voltar aos fundamentos da educação de filhos encontrados na Bíblia e nos conselhos inspirados por Deus. Consideramos que psicólogos do Youtube estão bem mais atualizados e falam mais a nossa linguagem, e as vezes até sentimos que eles já devem ter lido os conselhos de Deus, pois dão conselhos tão maravilhosos! No entanto, nós mesmos não queremos estudar diretamente da fonte.


Meu coração fica apertado todas as vezes que ao falar para pais em igrejas ou Family Camps, vejo pouquíssimas mãos se levantarem quando pergunto quantos já leram livros como Educação e Orientação da Criança. Me preocupa ver pais tão ansiosos por seguir as melhores metodologias educacionais que o mundo oferece, mas não tão ansiosos por estudar o plano educacional de Deus. Me preocupa ver pais tão ocupados participando de inúmeros grupos no WhatsApp sobre educação de filhos, no entanto sem tempo para sequer dar atenção aos filhos.


Muitas vezes, nos identificamos com famílias que parecem estar alcançando êxito e isso nos alimenta. Sentimos que estamos melhor que os demais simplesmente porque seguimos o seu estilo de vida, lemos os mesmos livros, participamos dos mesmos grupos, mas quando enfrentamos dificuldades nos sentimos miseráveis, pois não temos base por nós mesmos para saber o que fazer.


Todas essas atividades, podem ser positivas, mas elas só somam à nossa experiência quando primeiro buscamos a Deus e estamos firmados em Sua Palavra. Sem primeiro aprendermos de Deus, essas ferramentas serão tentativas tão falhas como as minhas tentativas de salvar o passarinho.


Deus deseja que busquemos a Ele individualmente. Que no dia a dia, estejamos tão perto dEle que possamos sentir que Ele está ao nosso lado nos fortalecendo e nos mostrando o que fazer, porque neste processo de buscá-Lo para salvar nossos filhos nós estaremos desenvolvendo a nossa própria salvação (Fil 2:12).


E como podemos fazer isto? Em primeiro lugar, buscando conhecimento em Sua palavra sobre como educar nossos filhos. Depois, clamando a Ele para nos ajudar a por em prática seus ensinamentos. Isso não garantirá o êxito total, porque o inimigo está constantemente ao nosso redor como um leão buscando maneiras de atacar nossos filhos. Então, quando dificuldades surgirem, precisamos pedir socorro a Deus, e deixá-lo ser nosso “socorro bem presente na angústia” Sl 46:1. E quando as coisas parecerem estar fora do nosso alcance, precisamos interceder por nossos filhos, e fazer tudo que está ao nosso alcance para salvá-los, mesmo que já forem adultos e não estiverem mais sob nosso teto. Tenho tido a alegria de ver pais idosos fazendo isso por seus filhos adultos que já são pais, e terem o prazer de começar a colher os resultados, não apenas com seus filhos, mas com seus netos através de sua influência e persistente trabalho.


Os planos de Deus para a educação dos nossos filhos não são ultrapassados, são os melhores e os únicos que podem levá-los à salvação. Precisamos conhecer e estudá-los pessoalmente. Precisamos vivê-los em nossa vida e ao fazermos isso estaremos sendo um testemunho vivo, que falará mais alto aos nossos filhos do que todos os sermões que podemos pregar a eles.


Este tem sido o chamado do Projeto Restaure – levar famílias a buscar por si mesmas os conselhos de Deus, conhecê-los profundamente para que quando as provações vierem possam permanecer firmes em Sua palavra.

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